“O LEITOR DO
COMBOIO”
Ler, ler com prazer, ler,
ler sem prazer, importa é ler. Cada momento livre poderá ser um momento de ler,
assim, apesar de sós temos a companhia de um livro que é sempre daquelas
companhias que nos permite viajar sem sair do sítio, sem darmos um único passo.
Ler é fundamental que deveria ser obrigatório, numa altura, em que a iliteracia
afeta uma franja significativa da população.
Nessas viagens pelo mundo
dos livros que tenho realizado com bastante frequência há uma que destaco não
só pela sua pertinência, mas por ser, aquilo que todos deveríamos ser, um
leitor. Daqueles livros que merecem essa referência, por serem únicos é “O
Leitor do Comboio” de Jean – Paul Didierlaurent. Como na História sempre me
interessaram as histórias das “pessoas comuns e a magia do quotidiano”. Neste
livro descobrimos que as pessoas simples escondem um mundo extraordinário, como
aquele funcionário discreto e apagado, Guylain Vignolles que dedica os seus
dias a alimentar o ventre de uma máquina devoradora de livros. Vai salvando
algumas páginas que lê, todos os dias, à mesma hora no comboio partilhando com
todos que consigo obedecem à mesma rotina de todos os dias do transporte para o
trabalho. Estamos perante a rotina de um anti-herói e o tempo “perdido” para
este livro foi um tempo ganho, porque beneficiámos, por algumas horas, de um
universo singular, pleno de amor e poesia, em que personagens banais são seres extraordinários
em que verdade é o motor dos seus relacionamentos. Aqui não há lugar para o
“alegadamente” que não faz parte do vocabulário, nem o desrespeito pela memória.
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