Ouve-se e abusa-se
naquele jargão “político” de valorizar o território que virou moda, desprovido,
na maioria das vezes de sentido, porque são as pessoas que dão sentido aos
lugares, às tradições, às memórias.
Valoriza-se o território,
ou seja, os lugares, quando o ato de dar a palavra, empenhar a palavra, ser um
Homem de palavra, ser um povo de palavra se efetivamente cumpre. Assim o foi em
1682, as mulheres e homens de Santa Maria do Guardão rogaram a Nossa Senhora do
Campo proteção para os seus campos agrícolas, já que uma praga de lagartas
dizimava tudo à sua passagem. Prometeram vir até ao fim dos tempos se fossem
socorridos por Nossa Senhora do Campo, ano após ano cumprem a sua palavra,
algumas vezes até contrariando às indicações da Igreja, como o ocorrido nos
anos 40 do século passado.
Assim, no dia 10 de
agosto, por sinal dia de São Lourenço vieram mais uma vez, não em procissão,
mas sim em pequenos grupos com ligações familiares, respeitando as normas da
DGS deram três voltas à Capela de Nossa Senhora do Campo e rezaram.
Quando tive conhecimento,
por um amigo, deste ato, a emoção apoderou-se de mim, sendo justo que publicamente
faça o reconhecimento por esse gesto tão simbólico, tão forte, tão carregado de
sentido, de memória, sim, um gesto que valoriza o território que valoriza um
povo que preserva e respeita as suas memórias.
Liga-me a fé à Nossa Senhora
do Campo, à Festa das Cruzes, a toda esta tradição secular que merece ser
defendida e divulgada.
Por isso, o meu sincero
agradecimento a todos aqueles que mais uma vez respeitaram a palavra dos seus antepassados,
porque ser do povo é compreender este gesto, é valorizá-lo, já que os outros
não o fazem, nós como sociedade civil, o fazemos e assim o divulgamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário