Imaginem há trinta anos
atrás. Nestes dias quentes, de ar irrespirável, em que serra parece que ainda
aumenta o calor, porque sempre nos protegeu e esse “abraço maternal” por vezes
impede correr uma aragem fresca. A
sombra mitiga um pouco o agreste do clima, mas não alivia, somente a água e
seríamos afortunados se pudéssemos somente colocar os pés de molho. Teríamos à
escolha, mesmo à mão de semear, para norte, a Tabuaça, para nascente, a Pedra
Furada. Nos entretantos, tivemos uma piscina fluvial, um arremedo, no Batôco.
A pergunta que se impõe,
porque hoje não o temos estes locais? Não o temos, porque na devida altura não soubemos
lutar pelo que era nosso, por lugares de eleição e quem nos representava não
teve capacidade para tal, para além de não nos alertar, não soube exigir que se
cumprissem as regras ambientais.
Os mais velhos contam
histórias das idas à Tabuaça, ou à Pedra Furada, descrições idílicas, muitos de
nós, ainda conseguimos contar histórias das nossas aventuras, a esses lugares,
as gerações depois de nós, já não contam histórias, nenhumas das suas histórias
terão esses lugares por cenário. Não é a primeira que escrevemos sobre esta
situação, na altura, fizemos em jornais, outras vezes, já aqui neste blogue e
mesmo com fotografias. Fizemos a nossa parte, provavelmente não, provavelmente,
fizemos muito pouco. Não conseguimos envolver a sociedade civil.
Nunca poderá ser a dicotomia entre o
progresso, e o ambiente ou a sustentabilidade. Alguns besteirenses tentaram
chegar à Pedra Furada, por estes dias, relataram a tristeza do que viram,
contaram a sua história. Alguns vão ler e dizer entredentes, “lá está este
outro vez” a levantar problemas, sim, alguns terão que ter essa missão de alertar para “abrir
os olhos”, mesmo não tendo capacidade da omnipresença nem capacidade de decisão, já agora ainda bem.
Joaquim Calheiros
Um comentário:
Só posso estar solidário com esta opinião. Partilho dos mesmos sentimentos perdidos entre nostalgia e revolta. Carlos Duarte.
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