São João quer ver as
moças, diz assim o povo na sua cantoria. Seria esse o grande desejo do santo,
só que este ano não tem direito às vistas. Não é que esteja de castigo, mas
estamos todos e se mantivermos uma atitude responsável contribuiremos para o
bem comum. Sentir-se-á, de certeza, o cheiro no ar das sardinhas vindos de
convívios caseiros, esperamos nós, responsáveis, porque esta atitude bem portuguesa
que o mal só acontece aos outros “estragou o cenário”. Assim, mesmo que o santo
não veja as moças, nem a sardinha se creste nas brasas, pensamos nós que outros
dias bem melhores, virão.
De outros tempos, da
noite ouvia-se o crepitar das fogueiras ateadas com o rosmaninho, entretanto
apanhado na Barreira, hoje, Bairro de Santo António. Saltava-se, dançava-se, a
noite como ganhava vida, ganhava cor, os morcegos não sossegavam na sua labuta
noturna. Ainda não eram motivo de preocupação, mas nisto do que se conta, ou
ser, nunca o saberemos.
Ainda se lembram das
modas de altura? Não era aquela de São João quer ver as moças. Engraçado, como
nunca fui grande dançarino, muito menos cantor, bem tento puxar pela cabeça. E
nada! Lembro-me da Oliveira da Serra, do Enleio, não me aperte o pulso, porque
me estala o braço. Que se saiba nunca ninguém se queixou de violência ou de
coisa parecida. Também lembro, até
parece que estou a ouvir “Ora doba, dobadoira doba”, porque isso de enriçar a
meada era bastante complicado dar a volta à situação. Mas aquela que seria o
hit, a mais badalada, era o “Alecrim aos molhos”, para altura da festa em
questão. Será provavelmente ou não, como disse, nisto a memória atraiçoa, ou
não fosse e não sou grande pé de dança.
Longe de Besteiros, mas
num concelho em que o São João é rei torna-se mais triste não o viver, não ver
as marchas, não ver o fogo do artificio. São João quer ver as moças, e ninguém
lhe faz a vontade, porque se São João em vez do cajado tivesse outros
instrumentos outro galo cantaria, para os lados da atalaia. Ups!
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