17 de maio de 2020

MEMÓRIAS DE BESTEIROS 17



DE SANTA EULÁLIA A CAMPO DE BESTEIROS!


Mais de dois meses depois, finalmente, regressei a Campo de Besteiros. Sorver o ar de Besteiros, senti-lo na cara, poder inspirar a plenos pulmões como que nos revigora. Finalmente, pude ir ao Campo Sagrado, de porta aberta, poder estar com os meus, os do meu sangue, algum tempo. São esses momentos que nos dão sentido de ser e de pertença. As minhas idiossincrasias que me separam do grande grupo, o mundo dos meus livros, dos meus escritos, das minhas paixões, mas mesmo assim, já que cada um é o que é, de certeza que a maioria de nós no regresso a Besteiros sentem que estão em casa, mesmo no leito materno, aconchegados.  Este mundo próprio, coordenado por determinados valores, por vezes, alheado, quase que obriga a refletir e procurar na nossa História coletiva algumas explicações que é, como sabem, a História, uma das minhas paixões.
De pés em terra, estamos em pleno vale de Besteiros, o seu coração, na antiga freguesia de Santa Eulália de Balistaris ou de Besteiros. Besteiros ou mais próximo dos nossos tempos, Campo de Besteiros. Vários nomes para uma mesma realidade. Mesmo essa evolução onomástica traz consigo ambições daqueles que a construíram. São marcas no tempo, mas ficam para sempre registadas. O nome, sim, o nome, transporta consigo a história da terra, mas também o nome, transporta consigo a história de uma pessoa, propriamente dito, o nome de família. Não é que o nome, seja por si só muito importante, mas é uma marca que nos distingue de outros, o nosso código, a nossa diferença, o nosso mundo. Nomes são muitos e por vezes iguais, mas a essência advém das pessoas que quando formam um núcleo populacional, que lhe transmitem alma e carácter. Vemos por aí, que alguns querem apropriar-se da história, distinguir uns em detrimento de outros, o individual, em vez do povo. Fiquem cientes que nada se faz sem o povo e, em tudo há o passado, um conjunto de atos que nos transporta ao futuro, já que aprece que vivemos sempre no presente. Alguns, nos surgem como heróis de tamanhas façanhas, outros, aproveitaram-se das circunstâncias do momento, importantes sim, obviamente que sim, mas tudo no seu devido lugar.
Após estes devaneios, devaneios de algumas memórias, estar perante a Igreja Matriz de Santa Eulália de Besteiros, em que a água do batismo desceu sobre mim é sentir-me em casa, uma igreja que alguns há cerca de noventa anos queriam despromover e tornar outra, como a Igreja paroquial.  Mas isso é história para outra altura, para outro momento.
A todos os besteirenses, um abraço fraterno!

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