“Senhor tende Misericórdia de Nós”!
Casa de Nossa Senhora perto de Éfeso, na Turquia |
A voragem dos dias, a
presença constante da televisão, o ritmo marcado pelas ocupações diárias, a
redução do núcleo familiar, somente aos pais e filhos, fez perder algo de
transcendental dos vínculos geracionais. Os serões passados à volta da lareira,
momento de partilha de histórias, muitas delas comunitárias eram o veículo
transmissor do sentido coletivo, de viver junto, ser solidário.
Nascer em Besteiros há
cinquenta anos, ou mais, atrás, nascia um devoto de Nossa Senhora do Campo, da
sua lenda, da importância do seu culto e a continuidade do mesmo, do Senhor do
Calvário e a festa a três de maio, da festa das Cruzes, no Guardão e, a participação
comunitária, na mesma. Festa das Cruzes cumprida, na década de quarenta do
século XX, anos e anos contra a vontade da própria Igreja e, do bispo Moreira
Pinto. Esses valores morais e religiosos eram nos transmitidos nos serões, ou,
então, nas homilias, aquando das festas religiosas, mais tarde, no jornal
paroquial “Ecos de Besteiros”.
Aos devotos de Campo de Besteiros,
a Igreja, representada pelo bispo da diocese D. Moreira Pinto, foi contra o seu
próprio povo, crente, povo de fé, encerrou-lhes os templos religiosos,
retirou-lhes as festas comunitárias, deixou que os seus Santuários entrassem
quase em ruína, ameaçou-os de excomunhão, muitos deles ficaram interditos.
Alguns deles foram chamados a Tondela para depor. Mesmo assim, todos os anos
com fé, cumpriam os rituais, apesar dos templos religiosos estarem encerrados.
Muita dessa história se
perdeu, a ligação a Nossa Senhora do Campo, à Festa das Cruzes que fazem parte
de nós, do nosso sentido comunitário.
Provavelmente, a devoção
a Nossa Senhora transmitida, desde o berço, fez que sentisse a presença de uma
força poderosa, numa visita que realizei à casa que por tradição é referida por
ser a última casa em que viveu Nossa Senhora mais João Evangelista, antes da
sua Assunção. Essa casa localiza-se perto Éfeso, na região de Esmirna, na
Turquia.
Cruzeiro de São Bartolomeu |
Ter fé, é acreditar,
sobretudo acreditar que da tempestade virá bonança, a mesma fé que os homens de
Besteiros, junto ao Cruzeiro de São Bartolomeu, de joelhos em terra, virados
para Igreja de São Salvador pediam proteção para o vale e a serra “Senhor tende Misericórdia de Nós”!
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