25 de abril de 2020

ABRIL DE MEMÓRIAS

TOCAM OS SINOS PELA LIBERDADE

Tocam os sinos pela liberdade, a revolução apanhou-nos em dia de feira, feira em Campo de Besteiros, em dia de quinta-feira. Soube-se que para Lisboa estava acontecer algo, ao certo não se sabia, era um golpe de estado conduzido pelos militares. As pessoas falavam baixo, receosas, porque apesar de vivermos “na primavera marcelista” ainda se vivia em ditadura, de liberdade cerceada, uma ditadura anacrónica, num país de grandes desigualdades. Sentia-se alguma abertura, mas continuava sem solução à vista o problema da guerra colonial, arrastou-se no tempo, em que muito antes, se deveria ter encontrado outras soluções que possibilitasse a todos o que viviam o direito à autodeterminação.
 Aguardava-se notícias pela rádio, as televisões ainda eram poucas aqueles que as tinham. Nesse dia, as aulas pela Telescola não aconteceram. Também foram poucos os alunos que apareceram, ao fundo da feira, no antigo Externato Comercial para assistir às aulas. Fomos mandados para casa. Existia o natural receio de saber ao certo o que estava realmente acontecer, os sinos da liberdade não ecoaram de imediato, as novas eram poucas e muito cifradas, as que chegavam.
25 de abril em que despertámos sim, de uma longa letargia. Sim, 25 de abril, dia que se pôs fim ao Estado Novo, já decrépito que ruía sem grande estrondo.  25 de abril, data importante da nossa história mas só será conhecido em plenitude quando se souber o que ocorreu em 25 de novembro. Essa data que veio coartar o caminho para outra deriva totalitária, que alguns querem apagar.  
25 de abril, sim, de todos, não só de alguns que vão para frente do espelho a intitularem-se democratas, alguns que querem ser “herdeiros”, mas falam grosso, e querem nos impingir as suas ideias. 25 de abril sim, não de alguns que aparecem nos jornais, nas televisões, que querem hoje que sejam, eles, ou os seus progenitores, “santificados” como “defensores” da liberdade, quando nunca o foram, porque defendiam a sua “liberdade”, aquela “liberdade” que impediu que o mundo soubesse em devido tempo o que nos afetaria. Sim, aquela “liberdade” que escondeu do mundo a pandemia.
25 de abril, sim e, sempre da liberdade, da igualdade, do desenvolvimento, mas também da descolonização fracassada, de onde “lavámos” as mãos como Pilatos. 25 de abril, sim, do poder local, da igualdade de oportunidades através de uma educação para todos, da correção de assimetrias, da entrada na comunidade europeia, do serviço nacional de saúde (SNS), mas infelizmente do oportunismo, da corrupção, do caciquismo, “da falsidade”.
25 de abril multicolor, não de uma cor que nos impingiram em laboratório, das imagens mais “habilmente” fabricadas de uma revolução. 25 de abril, hoje, e sempre, porque “Depois do “Adeus” nem tudo foram rosas, muita delas com espinhos.
25 de Abril, hoje e sempre! 

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