23 de março de 2020

Nossa Senhora do Campo, a vós, Senhora!


Nossa Senhora do Campo, a vós, Senhora!


Em 1682, o povo de Santa Eulália recorreu a Nossa Senhora do Campo com fé, em prece, hoje, esse ato de ir em grupo não seria aconselhável, mas eles acreditaram que a Nossa Senhora os poderia ajudar. Os campos de onde retiravam o seu sustento estavam a ser dizimados por uma praga de lagartas que tudo devorava, na sua passagem. Dos relatos que nos chegaram, as lagartas devoravam tudo, deixando os campos secos, tristes, improdutivos. Das culturas que embelezavam o vale de Besteiros, um vale fértil que dava sustento para habitantes deste paraíso, na terra estavam em perigo por uma simples lagarta. Compreendemos, hoje, o drama, a impotência dos agricultores ao depararem com as suas culturas destruídas com todo o seu trabalho em vão que se iria refletir no inverno com as arcas vazias.
Decididos perante tal calamidade reuniram-se e foram em procissão com as suas ladainhas, à frente com a sua cruz paroquial e rogaram de joelhos em terra à Senhora do Campo. Conjuntamente com eles foram também os habitantes de Castelões, já que os seus terrenos padeciam do mesmo mal. Gratos, todos os anos, a partir dessa data, foram em agradecimento ao santuário de Nossa Senhora do Campo. Todos os anos até provavelmente 1918 com uma interrupção a partir de 1912. Dessa última vez temos o relato que se refere ao ano de 1918 e o dia 15 de agosto. Guardão, porém, continua, ano após ano, a 10 de agosto, a cumprir o seu voto e a vir em procissão à Nossa Senhora do Campo. Também, Santiago de Besteiros vinha, no dia 5 de agosto com a sua cruz e ladainha agradecer a Nossa senhora do Campo, de uma graça recebida em 1628.
Ter fé, agir, acreditar e isso que faz um povo para resistir às calamidades. Ter fé, ter esperança que o sol irá outra vez sorrir. Ter fé, apesar de afastados, porque é assim tem que ser, é assim que nos protegemos como grupo, é assim que adotamos as medidas profiláticas para nos proteger.   
Ter fé, torna-nos mais fortes em busca de um objetivo comum. Essa fé que os habitantes do vale e da serra tiveram e não interessa aqui se houve ou não houve intervenção divina, interessa sim, como povo, unidos em torno do mesmo ideal. Somos povo, se formos, solidários, unos, tivermos fé, acreditarmos, sim, acreditarmos que tudo vai melhorar, acreditarmos que tudo vai correr bem.

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