12 de outubro de 2014

A COMÉDIA DA VIDA…Ou a TRAGÉDIA DE D. “FUAS ROUTINHO”


Viseu, rio Pavia
 
Da imagem refletida na água, não parte do real, como de um mundo onde reina o fingimento, de ser, o que não se é, de ter, o que não se tem, de dar o que não se dá…

Alguns eram em tempos atrás heróis, enaltecidos, de grandes feitos, principescamente pagos, os jornais escreviam encómios quase a metro, de títulos garrafais como o único, admirável, o melhor CEO da Europa, do Mundo quiçá…Sempre gostámos de ser os melhores, nem que não seja na carica, e na bisca lambida. Depois, deixamos de olhar para água e vemos o real, diferente, já não espelhado, mais duro, reduzidos a uma escala pequena, do fracasso, da vergonha, de quase ver por terra, aquilo que seria o orgulho nacional…

As imagens mantêm-se ou se alteram com o ritmo das chuvas, de um fenómeno que desresponsabiliza, numa época em que a palavra já não é palavra, algumas levadas pelo vento, outras ficam no silêncio da penumbra, na angústia dos dias, da procura do devir sem nunca o encontrar.

De memória, alguns ainda sabem, de memória alguns ainda lembram, de memória muitos se esquecem, esperando que a poeira apague as pegadas que ficam de tempos imemoriais, por vezes, o silêncio é de ouro que não se resume a um copo de três, ou a um uísque nas tabernas modernas, onde a imundície não se encontra no chão, mas dentro da alma de cada um. Assim vemos ruir tudo como um castelo de cartas, onde real não é, nem poderá ser a imagem refletida na água.

Nenhum comentário:

-------------------------------Um baú de histórias e memórias--------------------------------