29 de maio de 2014

FESTA DAS CRUZES


 
 
Reviver e participar na Festa das Cruzes no Guardão é daqueles momentos mágicos que num momento nos transporta ao nosso tempo de infância, em que o dia de Ascensão era de importância transcendente na religiosidade do vale e da serra. As origens apontam datas, mas a tradição oral que foi sendo transmitida em geração e geração deveu-se às lutas com os mouros, e os povos do vale, aguerridos foram em auxílio das gentes da serra, situação que parece recreada na formação das procissões de Santiago de Besteiros, Campo de Besteiros e Castelões.
 Perto de um antigo castro, as três freguesias, em posições diferentes como num campo de batalha se tratasse preparam-se para percorrer caminhos impregnados de historio de tempos idos, ao mesmo tempo que se apuram as vozes para, neste caso não dar gritos de guerra, mas para entoar as ladainhas a louvar e rogar pelas sementeiras que entretanto nos aguardava num vale fértil. Hoje, dia de chuva, dia de nevoeiro, não se pôde vislumbrar e admirar o fértil e ubérrimo vale de Besteiros que se espraia até ao Cris. De histórias e de lendas conta-se que chefe Lusitano Briceu recrutou nestas terras os seus valorosos guerreiros, que se notabilizaram no domínio da Besta, dando origem ao nome Besteiros que se estendeu a toda uma terra. Histórias.
 
Mesmo dia de chuva, a Festa das Cruzes ainda encanta, já sem as grandes multidões de outrora, porque os tempos são outros, menos dados à satisfação do espírito e à religiosidade. São momentos únicos, participar, sentir, ouvir, desmanchar a procissão para mais à frente, junto à Capela de São Sebastião, então em direção à Igreja Matriz do Guardão onde serão recebidas pelos anfitriães, não para travarem uma batalha, mas para darem o abraço de paz, de solidariedade, e que momento este, tão profundo, tão significativo.

Por último depois da Eucaristia e da bênção dos campos, aqui alguma semelhança com a Festa da Espiga que se distribui por esse país for, triunfantes as quatro freguesias vão em majestosa procissão percorrer os caminhos, que antes tinham sido percorridos individualmente. Momento que nos transmite a importância da união, da solidariedade, da fraternidade.

Festa das Cruzes, século XXI, ainda continua ser mágica, ainda transporta consigo a mensagem da importância da história comum do vale com a serra. Reviver impõe-se e não importa a sua origem, importa sim a sua mensagem.
 

 

2 comentários:

ana carmo disse...

Gostei muito da publicação...afinal recordo os tempos de criança que nem escola tínhamos para irmos a nossa senhora de ascenção.sempre de farnel nas mãos a pé da costa por os pinhais a cima passando no figueiral até ao guardão...dia de festa que os jovens de agora nunca vão sentir a felicidade que nós nesse tempo tínhamos..POUCO TINHAMOS MAS COM ESSE POUCO ERAMOS FELIZES :) ELE COM TANTO NUNCA O CONSEGUEM SER


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ana carmo disse...

Gostei muito da publicação...afinal recordo os tempos de criança que nem escola tínhamos para irmos a nossa senhora de ascenção.sempre de farnel nas mãos a pé da costa por os pinhais a cima passando no figueiral até ao guardão...dia de festa que os jovens de agora nunca vão sentir a felicidade que nós nesse tempo tínhamos..POUCO TINHAMOS MAS COM ESSE POUCO ERAMOS FELIZES :) ELE COM TANTO NUNCA O CONSEGUEM SER


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