Reviver e participar na Festa das Cruzes no
Guardão é daqueles momentos mágicos que num momento nos transporta ao nosso
tempo de infância, em que o dia de Ascensão era de importância transcendente na
religiosidade do vale e da serra. As origens apontam datas, mas a tradição oral
que foi sendo transmitida em geração e geração deveu-se às lutas com os mouros,
e os povos do vale, aguerridos foram em auxílio das gentes da serra, situação
que parece recreada na formação das procissões de Santiago de Besteiros, Campo
de Besteiros e Castelões.
Perto de um
antigo castro, as três freguesias, em posições diferentes como num campo de
batalha se tratasse preparam-se para percorrer caminhos impregnados de historio
de tempos idos, ao mesmo tempo que se apuram as vozes para, neste caso não dar
gritos de guerra, mas para entoar as ladainhas a louvar e rogar pelas
sementeiras que entretanto nos aguardava num vale fértil. Hoje, dia de chuva,
dia de nevoeiro, não se pôde vislumbrar e admirar o fértil e ubérrimo vale de
Besteiros que se espraia até ao Cris. De histórias e de lendas conta-se que
chefe Lusitano Briceu recrutou nestas terras os seus valorosos guerreiros, que
se notabilizaram no domínio da Besta, dando origem ao nome Besteiros que se
estendeu a toda uma terra. Histórias.
Mesmo dia de chuva, a Festa das Cruzes ainda
encanta, já sem as grandes multidões de outrora, porque os tempos são outros,
menos dados à satisfação do espírito e à religiosidade. São momentos únicos,
participar, sentir, ouvir, desmanchar a procissão para mais à frente, junto à
Capela de São Sebastião, então em direção à Igreja Matriz do Guardão onde serão
recebidas pelos anfitriães, não para travarem uma batalha, mas para darem o
abraço de paz, de solidariedade, e que momento este, tão profundo, tão
significativo.
Por último depois da Eucaristia e da bênção dos
campos, aqui alguma semelhança com a Festa da Espiga que se distribui por esse
país for, triunfantes as quatro freguesias vão em majestosa procissão percorrer
os caminhos, que antes tinham sido percorridos individualmente. Momento que nos
transmite a importância da união, da solidariedade, da fraternidade.
Festa das Cruzes, século XXI, ainda continua
ser mágica, ainda transporta consigo a mensagem da importância da história
comum do vale com a serra. Reviver impõe-se e não importa a sua origem, importa
sim a sua mensagem.
2 comentários:
Gostei muito da publicação...afinal recordo os tempos de criança que nem escola tínhamos para irmos a nossa senhora de ascenção.sempre de farnel nas mãos a pé da costa por os pinhais a cima passando no figueiral até ao guardão...dia de festa que os jovens de agora nunca vão sentir a felicidade que nós nesse tempo tínhamos..POUCO TINHAMOS MAS COM ESSE POUCO ERAMOS FELIZES :) ELE COM TANTO NUNCA O CONSEGUEM SER
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Gostei muito da publicação...afinal recordo os tempos de criança que nem escola tínhamos para irmos a nossa senhora de ascenção.sempre de farnel nas mãos a pé da costa por os pinhais a cima passando no figueiral até ao guardão...dia de festa que os jovens de agora nunca vão sentir a felicidade que nós nesse tempo tínhamos..POUCO TINHAMOS MAS COM ESSE POUCO ERAMOS FELIZES :) ELE COM TANTO NUNCA O CONSEGUEM SER
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