Sozinho,
um pouco triste com o seu cajado, ajuda indispensável para se deslocar, vai
matando o tempo sentado num banco à beira da rua junto a sua casa. A rua há
muito que perdeu o bulício das crianças, poucos são os que passam, a escola
também já fechou. Mas quando se fala no Moinho de Veia, os seus olhos como que
arregalam, rejubilam mesmo, a relembrar tempos idos, quando nas tardes de verão
aquele lugar ganhava vida com o bulício das crianças, nas suas brincadeiras na
água. Era mesmo a praia da Ribeira e foram muitos que se banharam nas suas
águas, aprenderam a dar as primeiras braçadas, sem rigor de atleta, mas como
manda a lei da vida o importante é desenrascar.
O Crís
tem locais de encanto, locais mesmo de cortar a respiração onde a natureza
atrai, nos encanta. Locais que precisam urgentemente de ser requalificados com
medidas que devolvam o rio às gentes de Besteiros. Noutros sítios as pessoas
orgulham-se de terem os rios menos poluídos da Europa. Poderia ser também o
nosso objectivo, porque ouvir relatos de outros tempos, o rio fez parte
integrante da nossa civilização, da nossa forma de ser e de estar.
Perder o
rio é perder um pouco de nós, da mossa memória. O rio continuará a correr, mas
sem as pessoas, sem alegria, sem vida é como mudasse de sítio, só chamando
atenção, no inverno quando extravasa as margens.
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