13 de maio de 2010

FESTA DAS CRUZES - GUARDÃO


“Se os passarinhos soubessem em que dia era ascensão não iam ao ninho, nem punham as patitas no chão”. Ditado popular da região de Besteiros que demonstrava a fé e forma como se encarava a Festa das Cruzes. Era como se fosse um dia santo, de grande fervor religioso, a gente do vale subia à serra com as suas ladainhas e cruzes enfeitadas a demonstrar a sua fé e a reviver a história e sobretudo continuar a perpetuar o legado dos nossos antepassados. Hoje os tempos são outros, já não se assistindo a grandes multidões no dia de Ascensão. A vertente religiosa está mais apagada, privilegia-se o mundano, e aquela imagem das procissões a circular na estrada rodeada de bancas de comércio incomoda, estranha-se.
Mesmo assim continua a ser uma festa marcante carregada de história, de simbolismo, transportando consigo uma religiosidade com sentido fraternal e de partilha. O beijar ou abraço das cruzes, a procissão no monte onde se encontra a capela de S. Bartolomeu, o desmanchar da procissão, ou recomeçar mais à frente junto à ermida de S. Sebastião dá-lhe uma unicidade que nos transporta a outros tempos e memórias.
O som das ladainhas, as cruzes enfeitadas, o orgulho de estar presente com a sua freguesia, a bênção dos campos formam um todo que transforma aquela festa religiosa na mais cativante, apesar dos tempos, apesar das “multidões” de outrora já não invadem a serra, apesar do cariz um pouco comercial e mundano.

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