9 de abril de 2020

SEMANA SANTA EM BESTEIROS



A PROCISSÃO DO ENCONTRO 



Foto de 2014 - procissão do Encontro - Monte do Calvário

Sentimos aquela sensação estranha, de vazio, mas temos de ficar em casa, assim nos “obriga” a responsabilidade e o amor ao próximo. Este ano não vamos viver esse momento único, mas a proteção de todos, assim nos é exigido.
Semana Santa é vivida sempre de forma intensa, por todos, principalmente, a procissão do Encontro. Momento que simboliza o amor de mãe, naquele momento de dor do encontro de Nossa Senhora com o seu filho, Jesus Cristo. Num cenário lindíssimo, único que enquadra esse momento sublime que é o nosso Monte do Calvário.  Muitos de nós, os nossos antepassados, reviveram aquele momento da história da humanidade passado há cerca de dois mil anos, em que Nossa Senhora acompanhada pelo apóstolo predileto João e por Maria Madalena encontra-se com o seu filho, num momento de dor, mas sobretudo, de amor. Descrições de outros tempos, de há cerca de cem anos vivia-se ainda de forma mais intensa com os fogaréus e as matracas, já que não se podia tocar o sino que deveriam transmitir uma áurea mágica e trágica à noite. 
 
Não podemos desta vez subir ao Monte do Calvário e então já pela noite dentro, e como em muitos outros anos despedirmo-nos de Nossa Senhora e do seu filho com o cântico “Boa Noite Mãe”.
Toda a preparação deste dia, o colocar das imagens nos andores, transportar para Igreja Matriz. Ir noite fora, desde o Seixo ao Calvário, na altura mais difícil, por caminhos um pouco pedregosos, mais escuro, talvez, por isso, mais mística. Ouvir o sermão que ecoava por todo o vale, e nessa noite, só os pregadores mais consagrados é que tinham a honra de pregar, de transmitir aos cristãos, a sua prédica. Após a cerimónias, na Igreja Matriz, os homens destinados a carregar os andores aos ombros saiam e procuravam chegar o mais rápido possível à capela de Santo Cristo, hoje, denominada Senhor do Calvário. Na noite, procuravam ver os primeiros fogaréus para se prepararem para sair, e ir ao encontro da cerimónia mais marcante. No meio da encosta, num lugar já pré-determinado acontecia o momento e as descrições referem que as lágrimas abundavam nos olhos daqueles que participavam.
Daqueles momentos fortes, daqueles momentos em que acreditamos, momentos de fé e são estas imagens de 2014 que partilho convosco, do nosso Monte do Calvário e da Procissão do Encontro. É sempre arrepiante, mas sublime de ver o Encontro, o aproximar dos andores e toda a envolvência que o só um monte mágico transmite, como é o Monte do Calvário ou Monte de Cristo como era assim apelidado no século XVIII.

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