FESTA DE NOSSA SENHORA DO CAMPO: REVIVEU-SE MAIS UMA VEZ....
Oito
de setembro de 2014, voltar a Campo de Besteiros, reviver a Festa da Senhora do
Campo, participar na cerimónias religiosas, ver a dedicação dos mordomos e
mordomas na organização da festa é único e de uma alegria indescritível.
Escrever
sobre a festa de Nossa Senhora do Campo é escrever com um misto de saudade de
tempos idos, de já não ver pessoas que partiram, mas ao mesmo tempo é voltar às
origens, e participar numa festa única na nossa memória coletiva. Consciente de
não ver as multidões de outrora, e quando falo de outrora, falo de entre o
século dezasseis e século vinte, na altura era o santuário mariano mais
importante do bispado de Viseu, o mais concorrido em que uma multidão que
segundo relatos coevos vinha de bastante longe, de sítios difíceis de
pronunciar, mesmo para além da serra com muitas horas de viagem. Hoje, apesar
de não vermos essas multidões, ainda é significativo o número de besteirenses
presentes e empenhados em prestar homenagem a Nossa Senhora do Campo,
participando nas cerimónias com devoção.
Dia
ameno, depois das grandes chuvadas da véspera como tem sido este verão, o
Santuário embelezado com primor pelas mordomas, foi pequeno para os
besteirenses presentes que mais tarde participaram na procissão que percorreu
as ruas da vila de Campo de Besteiros.
Olhar
para esta festa é olhar para uma festa que por direito próprio deveria ser uma
das maiores festas religiosas do concelho que em tempos idos tinha acoplada a
si uma feira franca de grande importância para a região. Mas quando não se é
sede do concelho, a História esquece-se…Olvida-se, quando se olvida, nada sai
debaixo da terra, nem como em tempos idos do valado da senhora, segundo a lenda
onde se encontrou uma formosa Nossa Senhora em pedra.
Mas
voltar ao Campo é voltar a nossa terra, rever caras conhecidas, ou conhecer
outras de outros espaços, mas todas com um denominador comum que é gostar de Campo
de Besteiros, das suas tradições, das suas memórias. Apesar, do nosso olhar
ficar triste ao olhar-se para a serra, para a nossa serra, é no Campo que será
sempre o Campo, o verdadeiro coração do Vale de Besteiros.
Vimos as tortas, vimos os tremoços, vimos os
gloriosos viriatos, vimos as cavacas, vimos também uma pequena exposição a
lembrar a famosa feira da semente em que os agricultores se afadigavam em
comprar a melhor erva para semear no meio dos milheirais. A tradição deve ser o
que era, e devemos ter consciência que esta festa religiosa tem uma proveta
idade de cerca de seiscentos anos, uma das mais antigas do país que se realiza
de forma ininterrupta. Preservá-la deve ser uma missão de cada besteirense.
Cerca
das dez horas e trinta minutos, a banda filarmónica Tondelense animou o recinto
junto ao santuário. Às onze iniciou-se a Eucaristia onde o pároco Felisberto
realçou que neste dia se festejava a Natividade de Nossa Senhora e a importância
do papel de ser mãe. No fim da Eucaristia, após o momento significativo da
nomeação dos novos mordomos saiu a procissão que percorreu a Rua de Nossa
Senhora do Campo em direção ao Seixo com os pendões à frente, e depois os
andores carregados aos ombros e magnificamente enfeitados. Em primeiro lugar ia
o andor de Nossa Senhora das Graças, em segundo, o andor de Nossa Senhora do
Carmo e por último, o andor de Nossa Senhora do Campo carregado aos ombros
pelas mordomas. Chegada a procissão ao cruzamento com a avenida de Santa
Eulália, desceu em direção à Avenida Dr. Afonso Costa percorrendo-a até ao fim do
parque de Campo de Besteiros, regressando à capela de Nossa Senhora do Campo
através da rua ator Alves da Silva, dando uma volta ao Santuário e recolhendo-se
em seguida. Durante o percurso a procissão foi acompanhada pela banda de música
Tondelense.
Mais
um ano que se cumpriu a tradição, mais um ano que se honrou a memória dos
nossos antepassados, mais um ano que se fez História.
2 comentários:
Obrigado pela partilha. Gostei muito de rever, embora não seja natural de Campo de Besteiros, estarei eternamente enraizado a ela e estas festas trazem-me tantas, mas tantas lembranças de miúdo... Mais uma vez obrigado e bem hajam.
Parabéns pelo belo texto , e que a N Sª do Campo nos ajude a preservar o que é tão nosso , tão besteirense ,Saudações a todos os filhos desta terra linda , a nossa vila ,o nosso CAMPO DE BESTEIROS.
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