Escrever
sobre a festa de Nossa Senhora do Campo é escrever com um misto de saudade de
tempos idos, de já não ver pessoas que partiram, mas ao mesmo tempo é voltar às
origens, e participar numa festa única na nossa memória coletiva. Conscientes
de não ver as multidões de outrora, e quando falo de outrora falo de entre o
século dezasseis e século vinte era o santuário mariano mais importante do
bispado de Viseu, o mais concorrido com uma multidão que segundo relatos coevos
vinham de bastante longe com muitas horas de viagem. Hoje, vemos ao mesmo tempo
besteirenses a prestar homenagem a Nossa Senhora, participando com devoção na
procissão.
Numa
época marcada pela crise, a festa religiosa decorreu dentro desse espírito, mas
sem perder a sua identidade transmitida por um grupo valoroso e dedicado de
mordomos que estão de parabéns pela obra realizada, agora concretizada com a
colocação de um aporta de vidro, que permitirá “espreitar” para o seu interior,
garantindo a segurança do espaço.
Dia
não tão quente como tem sido este verão, um pouco barulhento sobretudo
poeirento nas ruas com um trânsito numeroso e por vezes ruidoso a caminho do Caramulo,
o Santuário embelezado com primor pelas mordomas, foi pequeno para os
besteirenses presentes que mais tarde participaram na procissão que percorreu
as ruas da vila de Campo de Besteiros.
Olhar
para esta festa é olhar para uma festa que por direito próprio deveria ser uma
das maiores festas religiosas do concelho que em tempos idos tinha acoplada a
si uma feira franca de grande importância para a região. Mas quando não se é
sede do concelho, a História esquece-se…Olvida-se, quando se olvida, nada sai
debaixo da pedra, nem como em tempos idos do valado da senhora, segundo a lenda
se encontrou uma formosa Nossa Senhora em pedra. Lenda como lenda deve ser
respeitada.
Mas
voltar ao Campo é voltar a nossa terra, rever caras conhecidas, ou conhecer
outras de outros espaços, mas todas com um denominador comum que é gostar de Campo
de Besteiros, das suas tradições, das suas memórias. Apesar, do nosso olhar
ficar triste ao olhar-se para a serra, para a nossa serra que parece que não
quer dar descanso aos Bombeiros, o Campo é sempre o Campo, o verdadeiro coração
do Vale de Besteiros.
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