O caminhar com sentido, deveria ser mesmo sentido, num sentido de introspecção, de recolha, de um eu muito próprio, mas quando esse caminhar se torna folclórico, até muito calórico, leva-me a pensar que devo estar errado. Marchar se marcha e quando se revive algo de valor histórico deve ser revivido na sua plenitude, não com outros fins, nem com outros objectivos, nem com tanta publicidade, senão será mesmo como “borrar” a pintura.
Depois deste devaneio sobre outras “caminhadas”, falamos agora da caminhada organizada pelo Besteiros F.C. A primeira caminhada por ruas de Campo de Besteiros, caminhada por muitos dos percursos agrícolas desta terra, ou por caminhos onde se encontravam há muitos anos mulheres com cestos com comida à cabeça a caminho das fábricas, quando se aproximava o almoço. Caminhos alguns que já foram de bois, que transportavam para as eiras o milho, para os lagares, as uvas. O lado pitoresco, rural que conservava em si valores, marcas, cultura muito própria de um vale ruralizado. Subir ao Monte de Calvário, olhar o vale prazenteiro, polvilhado de verde, apesar do calor que aperta…descer por outro caminho à procura de outros horizontes.
A manhã estava quente, convidava a outras atitudes, talvez a outros mares mais refrescantes, ou mesmo a outros rios, mas mesmo assim foram alguns os besteirenses que puseram as alpercatas a caminho e viram com outros olhos, os caminhos e ruas de todos os dias. Outro olhar, outra forma de estar e de ver… O suor, o cansaço transporta consigo outra nitidez das coisas. No fim não estava à espera os famosos almoços que transformam essas caminhadas em passeatas para objectivo final, encher o bandulho e hoje o “gratuites” é que manda. Então temos o sucesso garantido e ufanos e todos vaidosos. Enfim…
Esta foi diferente, porque as caminhadas também servem para caminhar… E esta hein?!!!
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