
Anos vinte -Uma das primeiras equipas do Besteiros
Noventa anos se aproximam. Quando não se dá realce às datas mais significativas de uma instituição corre-se o risco, de outros a votarem no esquecimento. Vinte e sete de Setembro de 1919 deveria ser recordado de uma forma memorável pelos besteirenses e não resumir-se a uma simples lembrança, embora seja sempre significativa, porque por vezes no seu final terá esgotado o seu efeito.
O Besteiros Futebol Clube é a agremiação desportiva mais antiga do concelho. Esse facto orgulha os besteirenses, mas deveria ser amplamente divulgado. Sentimo-nos muitas vezes esquecidos, quando somos ostensivamente ignorados, ou então quando pela calada sofremos ataques traiçoeiros com “verdades.
Mas como tudo aconteceu?
A 27 de Setembro de 1919 nasceu mais do que um clube de futebol, foi antes um grito de revolta e de união do vale de Besteiros contra o esquecimento que desde sempre foi votado.
Ao entrar num terreno de jogo, o Besteiros transporta consigo a sua história construída de resultados, mas sobretudo, escrita pela postura e atitude colectiva manifestada pelas suas equipas, em diferentes anos.
O formar dessa vontade colectiva criou a mística do clube. Sentimento difícil de definir, mas que se faz sentir, por vezes em pormenores, mas que são decifráveis por todos. Nessa mística tem papel fundamental a passagem de testemunho entre gerações de futebolistas. Os jogadores mais velhos surgem como veículo transmissor para os mais novos que entram pela primeira vez no clube.
Ao longo da história desportiva do Besteiros sente-se sempre que existe algo de diferente, criador de um espírito de ajuda único. David Duarte Louro, um besteirense de sete costados, definia o lema motivador da equipa, numa frase bastante forte: “ um por todos e todos pelo Besteiros”. Por isso, o Besteiros tem alma, tem uma marca, tem um sentido, uma identidade construída por todos que o representaram, tanto como jogadores ou como dirigentes. Não é um ser destituído de ethos, formado por protocolo ou por decreto.
Na construção dessa mística têm papel fundamental os símbolos do clube: a bandeira, o emblema e o equipamento.
O primeiro símbolo identificativo do Besteiros surge numa fotografia de 1926. Esse emblema está representado numa bandeira, sendo uma cruz que presumo ser a cruz da ordem dos Templários.
Na mesma altura, ainda não se encontrava definido o equipamento do clube. Os jogadores equipavam-se conforme as suas possibilidades. Era o tempo do “vale tudo”. Nessa altura, o importante era jogar.
Hoje, ao olharmos para as cores do Besteiros, podemos depreender com facilidade a mensagem subjacente à sua escolha. Mas, melhor que as minhas palavras, encontramos a explicação numa carta de David Duarte Louro, datada de 1 de Dezembro de 1954:
“Vou fazer um apelo aos valentes jogadores do Besteiros, para que joguem sempre com ardor, alma, brio e amor pelas suas cores “alvi-rubras”. O branco representa a paz, o vermelho o seu sangue, mas sempre dentro da ordem e disciplina.”
Custa, porém não ver definido um projecto para o Besteiros de crescimento, clube que atingiu grande notoriedade no Andebol e “deixou” fugir para outros o fruto do seu trabalho. Mas o que se pode esperar de um clube com noventa anos?
Nós queríamos esperar muito. Sobretudo definir para os próximos dez anos um projecto inovador e sobretudo que o mesmo fosse aglutinador de vontades.
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