Como de costume, e desde que me lembro, pelas
onze horas iniciou-se a Eucaristia abrilhantada, este ano, pela banda
filarmónica de Pinheiro de Ázere. No fim da Eucaristia, e após a bênção das
colheitas expostas na Praça da República, saiu a procissão que percorreu como
de costume, a Rua de Nossa Senhora do Campo em direção ao Seixo com os pendões
à frente, e depois os andores carregados aos ombros magnificamente enfeitados
pelas mordomas bastante extremosas e dedicadas. Obedecendo a uma ordem
ancestral, na frente, o andor de Nossa Senhora das Graças, em segundo, o andor
de Nossa Senhora do Carmo e por último, o andor de Nossa Senhora do Campo
carregado como habitualmente por senhoras. Chegada a procissão ao cruzamento
com a avenida de Santa Eulália onde se avista, e se honra a Igreja Matriz,
desce em direção à Avenida Dr. Afonso Costa percorrendo-a até ao fim do parque
de Campo de Besteiros, regressando à capela de Nossa Senhora do Campo, através
da rua ator Alves da Silva. Chegados ao santuário, ocorria noutros tempos um
momento alto, no momento da volta ao Santuário os peregrinos aproveitavam a
oportunidade para se despedir de Nossa Senhora, rogando proteção. Diziam que
era um momento difícil de presenciar, porque em altos brados rogavam por Nossa
Senhora do Campo, prometendo voltar. Procissão simples, mas devota que encerra
em si um abraço ao vale de Besteiros, e um pouco da sua história, onde hoje a
agricultura resume-se a muito poucos agricultores.
Continuamos a considerar que à festa de Nossa
Senhora do Campo falta outro olhar, um olhar mais atento, porque desde os
primórdios tinha acoplada a si uma feira franca de grande importância para a
região. Esta feira franca merecia ser recriada, mesmo que fosse só por um dia,
mas para esse objetivo mereceria um olhar mais atento do Município. Deixar
morrer as tradições é deixar morrer um pouco de nós, das nossas memórias
daquilo que nos distinguia.
A feira da semente, ou contrário de outras
realizações era parte integrante da festa da Nossa Senhora do Campo. Preservar esta
festa religiosa deve ser a missão de cada besteirense, mas nunca esquecer “A Deus o que é Deus, a César o que é de
César”. Mas não só!
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