A poucos metros antes de entrar em Campo de Besteiros,
numa encruzilhada de caminhos encontramos uma alminha, posicionada do lado
esquerdo de quem entra na “bela adormecida”. De certeza, na nossa caminhada
pelo mundo, já nos chamou atenção, olhámos para ela e muitas interrogações nos
surgiram. O seu significado, os motivos da sua construção, a inscrição que se
encontra gravada.
O seu nome é alminha, designação popular, mas aceite pelos
estudiosos. Podemos mesmo inferir que estas representações artísticas de
carácter religioso são a expressão da devoção popular pelas almas do
purgatório. A razão da sua origem é que é mais complicado discernir. Alguns
historiadores apontam que é seguimento da tradição greco-romana da existência
de deuses protetores dos caminheiros, principalmente as encruzilhadas dos
caminhos que eram locais perigos de eleição. Nesse sentido, junto aos caminhos
os gregos construíram pequenos monumentos em honra dos deuses protetores dos
viajantes, como por exemplo Apolo e hermes. Os romanos também tinham esse
hábito ao construírem pequenos altares nas encruzilhadas, e mais tarde junto
aos caminhos.
Terá sido a origem? Poderá, mas passados séculos a sua fundamentação
é outra. Numa sociedade onde a igreja tinha um papel fulcral, e dentro do
espírito da Contra-Reforma, o concílio de Trento, no seguimento de outros
concílios reforçou o dogma do purgatório e sobretudo na salvação das almas.
Conscientes desde sempre do fascínio causado pelas
encruzilhadas dos caminhos, locais de “medos” e de “perigos”, por vezes
marcados por infaustos acontecimentos, esses locais foram escolhidos para essas
construções. No início eram pinturas, mais tarde, próximo de nós, as pinturas
foram substituídas por azulejos com uma inscrição muito comum “A vós que ides
passando, lembrai-vos de nós que imos penando”.
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