Festa das Cruzes - Guardão - foto de arquivo |
Não se
ouvirão por mais um ano, as ladainhas junto ao monte Cramol. Por mais um ano
não se revive caminhos ancestrais vencendo-se obstáculos naturais, desde pedras
soltas, as irregularidades do solo, a pequenos ribeiros e declives entoando-se
as ladainhas. Escrevia Frei Agostinho de Santa Maria, na sua monumental obra
Santuários Marianos que em dia da “ascensão do Senhor vão à casa da Senhora
três procissões, elas são de Santiago, Santa Eulália e Castelões, todas se vão juntar
a um sítio junto à Ermida de São Bartolomeu, cada uma por si, e num outeiro
elevado descobrem a Igreja de São Salvador e repetem três vezes, São Salvador
rogai por nós”. A partir desse local dirigem-se para Igreja de Santa Maria do
Guardão, e perto de um ribeiro que demarcava o adro eram recebidos pela cruz da
paróquia, e cada uma das cruzes faz uma saudação, como se fosse um abraço. Após
esta cerimónia recolhiam-se na Igreja. Nesse dia toda gente destas freguesias
fazia grande festa com salvas de tiros, muitos instrumentos, músicas e
cantares. Acrescenta que a festa se realiza por tradição antiga, que no dia da
Ascensão tomaram aos mouros uma fortaleza, no sítio onde fica a ermida de São
Bartolomeu”. Assim se contava, assim se escrevia, e era por ação de graças que realizavam
estas procissões.
Temos
esperança de voltar no próximo ano, de cumprir a palavra dada pelos nossos
antepassados, de reviver em cada passo o legado que nos deixaram.
Hoje,
quinta-feira da Ascensão serei como muitos peregrino da memória, porque
reviverei outras peregrinações passadas da nossa serra do Caramulo e do nosso
vale de Besteiros.
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