Escrever sobre o Besteiros Futebol
Clube é escrever sobre o clube mais antigo do concelho de Tondela, e um dos
mais antigos do distrito de Viseu. Em 27 de setembro de 1919, um grupo de
briosos besteirenses, onde se deve salientar Avelar Úria Leitão, Baltasar
Ferreira e Américo Augusto da Cruz fundaram o Besteiros Futebol Clube, nesse
dia, não nasceu somente um clube, mas também a bandeira de uma região que é o
vale de Besteiros.
Campo de Besteiros, na altura denominada
aldeia de Santa Eulália de Besteiros, revelava no dealbar dos anos vinte do
século passado, grande abertura à prática desportiva e à constituição de
associações, com vista a reforçar o espírito comunitário e potencializar a
força e o dinamismo da sua juventude. Dentro deste espírito dinâmico do
pós-guerra, não foi de estranhar o aparecimento de um grupo dedicado ao futebol,
modalidade que aos poucos se consolidava no país.
No concelho de Tondela já há alguns anos tinha
chegado a “redondinha”, mas os grupos surgiam, e ao mesmo tempo desapareciam,
porque só se uniam para dar uns pontapés na bola em algum descampado, mesmo com
árvores pelo meio. Em Santa Eulália de Besteiros não se pensava assim. A ideia
já andava na cabeça dos jovens besteirenses de formar um clube, um clube que
expressasse a união de um vale, que unisse as vontades de uma terra que apesar
dos registos oficiais a conhecerem como Santa Eulália, para todos já era
Besteiros. No verão de dezanove, dois jovens que jogavam no F. C do Porto,
estiveram aqui de férias, aceleraram o “bichinho”, e ainda o outono tinha
entrado só alguns dias fundou-se o clube mais antigo do concelho de Tondela, de
nome, Besteiros Futebol Clube. Primeiro, ainda sem equipamento, era o tempo do
“vale tudo”, porque importante era “acertar” na bola para os lados do fundo do
parque de Campo de Besteiros, onde se reuniam jovens do campo, de Castelões e
de Santiago de Besteiros.
Passados noventa e seis anos comemorou-se com
a romagem dos besteirenses presentes ao cemitério de Campo de Besteiros, onde
se colocou um ramo de flores para honrar a memória dos fundadores do clube, de
antigos atletas, dirigentes, sócios, simpatizantes enterrados nesse campo
sagrado, homenagem também extensível a todos aqueles que já partiram e estão
espalhados pelo mundo e que um dia honraram, lutaram e sofreram pelo Besteiros
Futebol Clube.
De seguida, já com a presença do presidente do
Município de Tondela, Dr. José António Jesus acompanhado por três vereadores
que fazem parte do seu executivo, iniciou-se uma pequena cerimónia na sede do
clube, onde foram proferidas algumas palavras a realçar o significado da data.
Perante um número significativo de besteirenses que enchiam a sede do clube, o
presidente da direção do Besteiros F.C. declarou que era “…uma honra ter o presidente do Município entre nós, sabendo bem sentir
de perto o carinho, o aconchego, os quais raramente nos chegaram ao longo de
todas estas décadas. Sentimos mais ousadia para lhe pedir o apoio na
regeneração e recuperação deste edifício sede onde nos encontramos”. Na
continuação do seu discurso referiu que “…um
pavilhão com o piso degradado não é convidativo para a prática desportiva,
porque nós queremos a sua promessa que tudo fará para termos um campo de
futebol moderno que sirva as nossas escolas e potencie a captação de
praticantes para atividade desportiva que o clube pretende incrementar”.
Em resposta, o presidente do Município de
Tondela, Dr. José António Jesus respondeu que era uma honra estar presente
conjuntamente com besteirenses que “vivem
com o coração e sentem com a alma a atividade e vida deste clube. Noventa e
seis anos é uma data bem expressiva a que todos temos a obrigação de
perpetuar.” Alertou, porém que “uma
instituição não pode viver da sua história, porque é importante responder e
adaptar-se ao desafio do presente. Temos de ser mais comedidos e ajustar os
nossos investimentos naquilo que é mais necessário. Devemos gerir os
investimentos em função da sua justificação, da sua utilidade e funcionalidade,
e ver quem mais precisa e servir a comunidade numa lógica de responsabilidade
partilhada. No final do seu discurso desafiou os besteirenses presentes a
empreender “nestes quatro anos a
revitalização do espírito do Besteiros, preparara-lo
para os desafios de hoje, sentir nas mãos o pulsar desse centenário.”
Encerrou-se este dia significativo na memória
besteirense com um pequeno lanche onde se cantou os parabéns ao Besteiros
Futebol Clube e o desejo secreto de poder ver outras vezes as camisolas
alvi-rubras pelos campos e pavilhões a brilhar, para então de plenos pulmões
gritar, “Vamos lá Besteiros”.
2 comentários:
É com um sentimento misto de alegria pela maneira digna como foi comemorado o aniversário e também de uma certa tristeza, por ver a situação a que chegou o querido e velhinho Besteiros Futebol Clube, mas também com a renovada fé que ao chegar o centenário e nessa data, que esperamos gloriosa, possamos ter o clube com uma vitalidade tão grande, como grandes foram os feitos do passado. Oxalá que o meu apelo e certamente, de muitos besteirenses, que sentem e amam o clube, não seja nessa altura, uma profunda frustação. Está na mão de todos os besteirenses, mas todos mesmo, a união e esforço para o relançamento porque tanto ambicionamos do nosso Besteiros.
Rui Augusto Cruz
É com um sentimento misto de alegria pela maneira digna como foi comemorado o aniversário e também de uma certa tristeza, por ver a situação a que chegou o querido e velhinho Besteiros Futebol Clube, mas também com a renovada fé que ao chegar o centenário e nessa data, que esperamos gloriosa, possamos ter o clube com uma vitalidade tão grande, como grandes foram os feitos do passado. Oxalá que o meu apelo e certamente, de muitos besteirenses, que sentem e amam o clube, não seja nessa altura, uma profunda frustação. Está na mão de todos os besteirenses, mas todos mesmo, a união e esforço para o relançamento porque tanto ambicionamos do nosso Besteiros.
Rui Augusto Cruz
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