4 de fevereiro de 2015

4 de fevereiro de 2015 - PARABÉNS CAMPO DE BESTEIROS


Desde os anos noventa do século passado adquiri o hábito, de neste dia, 4 de fevereiro de escrever uma carta a Besteiros, a minha terra que muito amo, e da qual sinto a falta todos os dias, pela qual sofro, por nunca ter presenciado a concretização dos seus anseios. Estar longe transporta consigo um sentimento de orfandade, de perda que nunca é substituível. Gosto do sítio onde moro, mas não é o Campo, não é Besteiros, não é a minha Terra, o meu mundo, o nosso mundo. Nos caminhos do campo até as pedras onde tropeçam os nossos sapatos nos conhecem, mesmo que esses caminhos já não nos transportem alguns lugares místicos que entretanto fizeram “desaparecer”.            
“Ao escrever-te esta carta, numa época tomada pelas novas tecnologias, procuro transmitir-te que a tradição ainda tem outro sabor.
            É minha firme intenção, deixar correr a tinta sobre a folha e ao mesmo tempo refletir sobre a nossa terra, Campo de Besteiros e parabenizá-la por mais um aniversário da elevação a vila, em 4 de Fevereiro.
            Numa retrospetiva histórica, a vida, nos finais dos anos vinte, estaria calma na antiga aldeia de Santa Eulália de Besteiros. O seu desenvolvimento era marcante num vale essencialmente rural, agitado às vezes, pela partida dos seus jovens para as grandes cidades, ou para o outro lado do Atlântico, nomeadamente o Brasil.
            Santa Eulália de Besteiros destacava-se pela sua localização, cruzamento de várias estradas que rasgavam o vale, atraía a si as terras em volta, devido à sua importância económica, reflexo do seu comércio e indústria. A nível associativo, duas associações comprovavam o espírito de iniciativa presente nos besteirenses. A Sociedade de Defesa e Propaganda do Vale de Besteiros constituída com o objetivo de defender os interesses da região e o Besteiros Futebol Clube que proporcionava aos jovens a prática do futebol.
            Por vezes temos tendência a minimizar aquilo que é nosso, por isso atentem ao que escrevia um besteirense, na Folha de Tondela de 2 de Março de 1924, “... na nossa terra, tão linda e tão invejada por quantos aqui aportam, ou tem a dita de a conhecer, alguns verdadeiros bairristas convidaram os representantes do comércio e da indústria e os principais proprietários desta freguesia...”
            Por isso, Santa Eulália reunia todas as condições necessárias para ser promovida à categoria de vila. O Decreto – Lei 16.467 de 4 de Fevereiro elevou Campo de Besteiros à categoria de vila.
            Data significativa para todos besteirenses que terá sido uma compensação diminuta para aquilo que era ambicionado. Três anos antes lutava-se pela criação do concelho de Besteiros, ambição quase concretizada que só a substituição de um ministro e as jogadas de bastidores que contribuiriam para alteração da decisão da freguesia de Barreiro de Besteiros.
                        Por hoje vou ficar por aqui, porque a carta já vai longa.
            Sejam felizes, são os votos do vosso amigo;
                                               Joaquim Calheiros Duarte
Armamar, 4 de fevereiro de 2015

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