16 de maio de 2012

VALE DE BESTEIROS, o nosso vale...


Escrever sempre o mesmo pode tornar-se tedioso, mesmo muito aborrecido. As repetições, seguidas de repetições surgem da necessidade de repor a verdade, e sobretudo não deixar passar “a verdade” oficial que nos querem impor. Sei que por vezes não sei como é que não se aceita, ou se aceita aquilo que nos querem impingir. Seria fácil aceitar, calar, comer, aplaudir, se para tal se fosse desmemoriado. Sim, mas memória é um dos maiores legados geracionais que nos transporta desde tempos idos, de tempos vividos ao atual, de forma rápida e indolor.
Mas voltamos mais uma vez ao assunto deste artigo. O vale de Besteiros, o verdadeiro vale de Besteiros.
Escrevia assim, o Padre da paróquia de Barreiro de Besteiros em 1758 nas memórias paroquiais ordenadas por Marquês de Pombal “ que A freguesia do Barreiro que confina com o Bispado de Coimbra e primeira do Bispado de Viseu pelo Poente, tem seu princípio em um lugar chamado Vale, este é que dá o nome ao Vale de Besteiros assim chamado pelas Bestas de que usavam, e com elas se defendiam dos Romanos, Godos e Mouriscos, a quem presentaram batalhas com tais armas; e ainda muitos curiosos as guardam para memória. Este lugar Vale é o primeiro da freguesia que começa e se divide do Bispado de Coimbra por um rio chamado Esporão que tem sua origem na Serra da Estaca, fundo da do Caramulo, caminho da Estrada que vai para Aveiro”. Este vale de Besteiros é as terras que se encontram no sopé da serra do Caramulo e vão até ao rio Cris. Sobre este mesmo assunto escreve o padre da paróquia de Castelões “No mais fértil, abundante e delicioso do Vale de Besteiros, está situada a Terra e Freguesia do Santíssimo Salvador de Castelões, que não é cabeça de concelho ou julgado, mas uma das que se compreendem no concelho de Besteiros, da Província da Beira Alta, Bispado e Comarca da Cidade de Viseu”. Clareza nas definições territoriais, por isso não se compreende porque se pretende largar os limites indefinidamente.
O abade de santa Eulália de Besteiros refere também “Esta freguesia está situada em um vale, junto pelo norte a uma serra onde se acha a freguesia de Santa Maria do Guardão e dele se avista a mesma freguesia, a de Santiago, Castelões, e Guardão que distam dela um quarto de légua.”
Vários são os exemplos sobre o nome do Vale de Besteiros. Ao analisarmos documentos do final do século XIX e princípios do século XX as referências ao Vale de Besteiros refere-se às mesmas terras referidas no século XVIII. Em nenhum artigo se vê alguém colocar em causa essas afirmações. Até as notícias da freguesia de Santa Eulália designava-se de Carta de Besteiros. Numa visita do Presidente da República, durante o Estado Novo encontrava-se no Coelhoso uma inscrição com os seguintes dizeres “Bem-vindo ao Vale de Besteiros”.


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