26 de julho de 2010

CRÓNICA DE BESTEIROS

Porque se caminha?

Há cerca de vinte anos quando se corria pelas ruas de Campo de Besteiros ouvia-se dos campos de cultivo, encobertos pelas culturas o epíteto “vai trabalhar malandro”, ou convites “se queres trabalhar o físico, temos aqui uma enxada”. Vozes de burros que não chegavam aos céus. Hoje esse preconceito esbateu-se, tornando-se moda as caminhadas. Uns por motivo de saúde, outros por moda, outros preocupados com a linha, outros porque simplesmente gostam e sempre o fizeram caminha-se por todos os caminhos que temos ao nosso dispor.
Ao amanhecer, ou então ao entardecer, por vezes já noite vê-se grupos de caminheiros que caminham, não por promessas, mas caminham. Tornou-se então moda o organizar de caminhadas, ou percursos pedestres temáticos que ao mesmo tempo que servem o bem social, preservam a memória de tempos idos e nos vão alertando para aquilo que temos de melhor.
Até aqui tudo bem. Todas as semanas ouvimos anunciar as rotas, mas algumas, ou talvez a maioria acabam num lauto almoço, contrário ao espírito da caminhada. Então, nos artigos em vez de sobressair, o motivo da caminhada, o prazer de se ter desfrutado a paisagem, observa-se fotografias de mesa farta. Para isso, seria melhor estarem quietos. A caminhada, ou melhor o seu espírito tem fins mais frugais e pelos vistos está a servir para outros motivos que não aqueles que deveriam nortear quem caminha de forma desinteressada, simplesmente por si, e pela sua saúde.
Eu entender até entendo, mas custa a aceitar. Mas como maioria sofre do pecado da gula, cá se vai indo com a cenoura à frente e de olhos vendados.

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