Estamos no Natal. Festa da família por excelência. Em criança foram inúmeras as vezes que ajudei a fazer o presépio paroquial. Todos os anos procurava-se inovar, acrescentar pormenores que marcassem a diferença para os anos anteriores. Não era só reviver aquele momento mágico do cristianismo, mas sobretudo transmitir a todos a união familiar e a solidariedade da data. De manhã, ainda a geada cobria os pinhais, mesmo com as mãos encolhidas com o frio com o ar quente a esvair-se de nós, partíamos em direcções aos pinhais à procura do musgo, elemento fundamental na composição do presépio. Procurava-se as placas perfeitas, para mais tarde moldar naquele velho estrado, o “nosso” presépio de Besteiros.
Para fim do dia ia-se à procura do pinheiro, onde seria colocado o anjo anunciar a boa nova aos pastores. Então, regressava-se a casa, na mesa farta tínhamos a Consoada, mas as onze da noite, o sino lembrava-nos da missa do galo, enquanto no adro da igreja se encontrava o cepo para nos aquecer na noite fria. Noite maravilhosa, noite inigualável, o coro cantava com alma e emoção a alegria do Nascimento do menino. Não conservo desse tempo fotografias, mas conservo memórias que me alegram e ao mesmo tempo entristecem-me. Bons tempos, velhos tempos.
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