- “ A fé que nos move” - desabafava um peregrino
com algumas dificuldades de locomoção, enquanto se dirigia para o Santuário de
Nossa Senhora do Campo. Mesmo o seu estado físico não o impediu de participar
conjuntamente com um número significativo de outros peregrinos, no oito de
setembro, dia festivo da Natividade de Nossa Senhora que no vale de Besteiros
assume o nome de Nossa Senhora do Campo. A fé desde há seiscentos anos move os
cristãos em volta do culto de Nossa Senhora do Campo. Para uns a fé, para
alguns outros interesses infelizmente, esquecendo o que diz o Evangelho - “A
Deus o que é de Deus, a César o que é de César”
Dia da memória também, porque sempre foi um dia
grande da região de Besteiros onde a serra abraçava o vale que se engalanava de
forma festiva para os receber. Dia de regresso também de alguns besteirenses que
por horas voltam a reviver esta festa que é sempre uma profusão de sensações, de
saudade, em primeiro lugar de outros tempos onde se revivia o orgulho de ser de
Besteiros. Outra sensação o respeito pelos nossos antepassados que vivenciaram
ao longo dos séculos o culto a Nossa Senhora, sempre movidos pela fé.
Seiscentos anos de História, onde até aos
primórdios do século XX era o santuário Mariano mais importante do Bispado de
Viseu. À paróquia de Santa Eulália de Besteiros deslocavam-se romeiros de
sítios longínquos, alguns de terras bem difíceis de pronunciar à espera de uma
cura, de uma graça, de uma ajuda para cumprir de uma promessa agradecendo ajuda
divina nas produções agrícolas, de quem dependia da terra para viver.
Este ano, da mesma forma como no ano passado
reviveu-se a história ao realizar-se no fim da celebração da Sagrada Eucaristia,
a bênção das colheitas que se encontravam expostas em frente do santuário.
Momento solene muito simbólico em que o presidente da Junta de Freguesia, Jorge
Marques mais uma vez e de forma dedicada, ajudou a preservar. Nesta bênção
simbólica que era um momento marcante há muitos anos na festa de Nossa Senhora
do Campo encerrava-se o ciclo agrícola, fundamental para quem vivia
essencialmente da terra.
Este ciclo das festividades conjugado com o ciclo
da atividade agrícola iniciava-se com a bênção dos campos, ocorrida na festa
das cruzes na Ascensão, realizada na paróquia do Guardão. Momento com o vale
aos pés se intercedia por um bom ano agrícola, e mais tarde, no final do verão,
agradecia-se a Nossa Senhora do Campo a proteção dos campos agrícolas,
sobretudo a abundância das colheitas. (continua)
Nenhum comentário:
Postar um comentário