A SERRA E O VALE EM FESTA
No dealbar da manhã, o
tempo estava encoberto como a proteger os peregrinos da inclemência do sol que
se aproximava. Tempo abafado este, mas mesmo assim cumpriu-se mais uma vez a
tradição. O vale subiu à serra, e a serra engalanou-se para o receber de braços
abertos, no dia da Ascensão, dia da festa das Cruzes.
Reviver, ano após ano, e participar
na Festa das Cruzes na paróquia santa Maria do Guardão é daqueles momentos
mágicos que num momento nos transporta ao nosso tempo de infância, em que o dia
de Ascensão era de importância transcendente, na religiosidade do vale e da
serra. Os nossos antepassados transmitiam aos mais novos a vontade de continuar
até ao fim dos tempos esta tradição, a vontade de um povo, que nos anos
quarenta do século XX, mesmo sem serem acompanhados por um padre continuaram a
cumprir a tradição. Mesmo ameaçados de excomunhão foram ano após anos cumprir a
palavra daqueles que honraram este povo de Besteiros.
È sempre com emoção que se sente honrar mais uma vez a
tradição. Dizia o povo, na sua sabedoria se “os passarinhos soubessem quando
era dia da ascensão não iam ao ninho, nem punham as patitas no chão.”
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