A MINHA SENTIDA HOMENAGEM

Regressei por umas horas a Campo de Besteiros, na quinta-feira à noite. Custou-me olhar para a nossa serra e vê-la a ser destruída pelas chamas. Custou-me ainda mais, porque nessa tarde tinham-se vivido momentos de angústia, momentos de terror com o fogo insano a destruir uma vida, a deixar feridas outras numa impotência contra algo descontrolável que a mão humana deitou.

Ver arder a Serra, é ver arder um pouco de mim, das minhas memórias, porque foram inúmeras vezes que a percorri em raids dos escuteiros, inúmeras noites que dormi embalado pelo arrastar dos pinheiros, momentos onde a paz transmitida por essa serra era inigualável. Custa aceitar que alguém em consciência tenha ateado um fogo para a destruir, mas é aquilo que parece, ao olhar as fotografias do início da ocorrência.

Custa aceitar, ver Homens e Mulheres Bombeiros que dão a vida por uma causa, vê-los com olhos amargurados, com a tristeza e o cansaço no rosto no combate a fogos que se sucedem. Ao mesmo tempo vejo esses Homens e Mulheres Bombeiras determinados a subirem para os carros de combate, de um modo altruísta, sem saberem se voltarão abraçar os seus.

Todos os anos se fala em reforço de vigilância, todos os anos se fala em prevenção com a necessidade de construção de aceiros e de outros meios, mas todos os anos acontece o mesmo. O país está em guerra contra aos incendiários, porque não colocar o exército a vigiar as matas Ouve-se na televisão que alguns dos incendiários são reincidentes, porque não colocar nesses pessoas pulseiras electrónicas, ou em tempo de Verão restringir-lhes a liberdade, porque os seus direitos não podem colocar em causa a segurança dos outros.

Que escrever, que dizer neste momento, somente a minha simples homenagem e grato a todos os Homens e Mulheres Bombeiras deste país, que mereciam outro olhar dos governantes, outros meios…