O relógio aproximava-se das três da tarde, e ao mesmo tempo de
todas as ruas chegavam inúmeros besteirenses à parte mais nobre da vila, onde
dentro em breve passariam os ciclistas. Apesar de ser uma imagem já gasta, o
ciclismo é o desporto do povo, daquele que passa à nossa porta, nas nossas ruas
de todos os dias. São momentos fugazes, mesmo muito rápidos, mas são momentos
intensos, de alegria, de procura aonde vai a camisola amarela. O som da sirenes
aguça-nos atenção, desperta-nos a curiosidade perscrutamos a avenida para ver a
entrada destes heróis da estrada na nossa avenida principal. São muitas as
cabeças a olharem na mesma direção, a preparar as máquinas fotográficas, agora
também os telemóveis, outros as mãos para aplaudirem a passagem dos ciclistas.
Na frente vem um numeroso grupo de dezassete ciclistas que
pedalam com cerca de seis minutos de vantagem em direção a Viseu. Mais tarde o
numeroso pelotão, á frente a equipa do camisola amarela, Hugo Sabido, um pouco
atrás os seus principais adversários que se marcam com o olhar. No ar, o helicóptero
da transmissão televisiva transmitia para todo o mundo a nossa terra, a avenida
Dr. Afonso Costa, o parque de Campo de Besteiros e o repuxo do lago, a rua Dr. João
Almiro, a Corte onde decorreu o abastecimento. Lamenta-se porém, que ao
contrário do Tour de França, a televisão não identifique os locais por onde vai
passando a prova, porque teria sido um magnífico cartão de apresentação.
De resto, e para a história na chegada a Viseu ganhou um
corredor norte-americano, seguido de um espanhol, como que a dizer-nos que
mundo é cada vez mais pequeno, onde multiculturalidade está presente.
Por fim vimos passar o carro da vassoura, agora com um aspeto
diferente, mas sempre significativo na mensagem que transmite, no nosso caso do
desmobilizar, ao mesmo tempo de proceder ao regresso a casa, à vida de todos os
dias, neste caso, dias de muito calor.
Apetece agradecer à organização da volta a Portugal de nos
proporcionar ano após ano este espetáculo, algumas vezes com metas volantes,
outras só passagem, mas que nos anima e faz pensar que ainda estamos no mapa.
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