As primeiras grandes civilizações desenvolveram-se junto aos
grandes rios, que foram essenciais para a prática da agricultura, da pesca da
navegação e mesmo do comércio. Nas suas margens floresceram aldeamentos que
dependiam dos “humores” do rio, nomeadamente do seu regime de cheias. Destas
grandes civilizações falamos da suméria, da egípcia, a do vale do indo e do rio
amarelo. De diferentes formas os rios foram fundamentais para o seu
desenvolvimento, marcando ainda hoje, embora de forma diferente os povos.
De facto, os rios são permanentes interlocutores com o homem,
que se quiser preservar a sua qualidade, deverá adotar com esses cursos de água,
um comportamento de defesa do meio ambiente sem ser agressivo, ou então
desenvolver medidas profiláticas que os protejam.
Olhando agora para perto de nós não se compreende o abandono
a que está votado o rio Crís. Nasce na serra do Caramulo, na sua vertente
oriental, junto ao Carvalhal da Mulher. Pouco extenso, cerca de trinta
quilómetros, até desaguar no rio Dão, deveria merecer pelas suas
características outro olhar, outro comportamento, em que o mesmo se tornasse
uma referência de qualidade e de atração da população para as suas margens. No
percurso que efetua, na freguesia de Campo de Besteiros tem dois locais de
eleição, a Tabuaça e a Pedra Furada. Molha também os pés à povoação da Ribeira,
onde o rio foi sempre bem aproveitado.
O Rio Crís límpido poderia ser um autêntico oásis em termos piscícolas
com zonas de lazer de qualidade impar, ao mesmo tempo as suas margens serem
locais para a realização de caminhadas com o rio mesmo ao lado. Não se
compreende, porque não tenha existido alguém a encabeçar esta luta de
preservação do nosso rio, do nosso passado. Dos relatos de outrora fala-se de
um rio rico em peixe, de águas límpidas de grande importância para as populações
a nível da agricultura.
Nas notícias temos lido o financiamento de programas de
recuperação de outros rios, mas do rio Crís, nem novas, nem mandados.
Os primeiros passos poderiam ser dados com um estudo mais aprofundado
do rio, desde a sua nascente até a foz. Identificar, inventariar, classificar e
sobretudo apontar soluções, mas para isso as entidades deveriam assumir um
papel mais importante. Mas temos de estar conscientes que se a sociedade civil
não pressionar, nada será feito.
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