4 de fevereiro de 2017

PARABÉNS CAMPO DE BESTEIROS!



Sempre que se aproxima 4 de fevereiro, a saudade aperta, as memórias como que explodem em catadupa, de tempos de meninice, na bela adormecida. 4 de fevereiro, a vila de Campo de Besteiros faz anos, prenda mínima para quem tanto lutou para que no futuro as gerações vindouras pudessem definir o seu percurso, de forma autónoma, independente. Olhar oitenta oito anos atrás perdeu-se a dinâmica, a ânsia de querer mudar o mundo, e sobretudo aquele bairrismo, aquele amor filial transformou-se por artes mágicas em comportamento de dormitórios de zonas industriais.
Campo de Besteiros ao escrever-te esta carta, numa época tomada pelas novas tecnologias, procuro transmitir-te que a tradição ainda tem outro sabor, ou melhor, aquele sabor, o acreditar deve fazer parte da esperança, da vontade de um povo, embora hoje as lutas sejam outras, porque há causas que se perderam para sempre.
            Mesmo assim, é minha firme intenção, deixar correr a tinta sobre a folha e ao mesmo tempo reflectir sobre a nossa terra, Campo de Besteiros, e parabenizá-la por mais um aniversário da elevação a vila, em 4 de Fevereiro.
            Numa retrospectiva histórica, a vida, nos finais dos anos vinte, estaria calma na antiga aldeia de Santa Eulália de Besteiros. O seu desenvolvimento era marcante num vale essencialmente rural, agitado às vezes, pela partida dos seus jovens para as grandes cidades, ou para o outro lado do Atlântico, nomeadamente o Brasil. Sempre em busca da quimera, do sol após a linha do horizonte, porque, por vezes o não brilhava para todos.
            Santa Eulália de Besteiros destacava-se pela sua localização, cruzamento de várias estradas que rasgavam o vale, atraía a si as “gentes” das terras em volta, devido à sua importância económica, reflexo do seu comércio e indústria. A nível associativo, duas associações comprovavam o espírito de iniciativa presente nos besteirenses. A Sociedade de Defesa e Propaganda do Vale de Besteiros constituída com o objectivo de defender os interesses da região e o Besteiros Futebol Clube que proporcionava aos jovens a prática do futebol.
            Por vezes temos tendência a minimizar aquilo que é nosso, por isso atentem ao que escrevia um besteirense, na Folha de Tondela de 2 de Março de 1924, “... na nossa terra, tão linda e tão invejada por quantos aqui aportam, ou tem a dita de a conhecer, alguns verdadeiros bairristas convidaram os representantes do comércio e da indústria e os principais proprietários desta freguesia...”
            Por isso, Santa Eulália reunia todas as condições necessárias para ser promovida à categoria de vila, prenda menor para quem almejava a sede do concelho de Besteiros. O Decreto – Lei 16.467 de 4 de Fevereiro elevou Campo de Besteiros à categoria de vila.
            Data significativa para todos os besteirenses que terá sido uma compensação diminuta para aquilo que era ambicionado. Três anos antes lutava-se pela criação do concelho de Besteiros, ambição quase concretizada que só a substituição de um ministro e as jogadas de bastidores que contribuiriam para alteração da decisão da freguesia de Barreiro de Besteiros.
            Mais uma vez, vou ficar por estas linhas que vos deixo.     
            Sejam felizes, são os votos do vosso amigo;

                                               Joaquim Calheiros Duarte

Nenhum comentário:

-------------------------------Um baú de histórias e memórias--------------------------------