Da
época natalícia se guardam recordações, se guardam sabores perdidos, das
filhoses, das rabanadas, mesmo do bacalhau, ou o polvo conforme as casas. Se
guardam, também recordações da família, não da família, no sentido restrito do
termo, mas sim da grande família à volta da lareira, à volta da mesa farta, dos
avós, dos netos, dos tios, dos vizinhos, das boas festas, das prendas, daquela
noite mágica, que para alguns era do menino Jesus, para outros do pai natal.
Aquela noite mágica da consoada começava bem cedo, na casa de cada um. Desde a
madrugada que as mulheres “assaltavam” a cozinha para a feitura dos doces
tradicionais da quadra. O cheiro dos fritos invadia a casa, ao mesmo tempo, as
crianças não largavam “o pedaço”, a espera de descobrir o que estava nas
misteriosas caixas, se elas traziam consigo, o último brinquedo da moda, ou
então aquele brinquedo de sonho que o desejo não apagou, ainda aumentou.
Dia
e noite intensos que só acabavam, ou como acabam ainda nos nossos dias com a
missa do galo, a hora pouco usual, mas, talvez por isso, cheia de encanto e de
histórias que perduram no tempo. Essas memórias guardam-se naqueles lugares
especiais, somente naqueles sítios onde o carinho e a saudade podem entrar.
Porém,
depois de se calcorrear o mundo por algum tempo, o Natal começa a ser de
memórias, algumas tristes, sobretudo de saudade de entes queridos. Mesmo assim
é uma época que conserva aquele ar de mistério, de magia, de solidariedade.
A
todos, um Feliz e Santo Natal.
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