17 de julho de 2012

AS ALMINHAS DE BESTEIROS



A poucos metros antes de entrar em Campo de Besteiros, numa encruzilhada de caminhos encontramos uma alminha, posicionada do lado esquerdo de quem entra na “bela adormecida”. De certeza, na nossa caminhada pelo mundo, já nos chamou atenção, olhámos para ela e muitas interrogações nos surgiram. O seu significado, os motivos da sua construção, a inscrição que se encontra gravada.  
O seu nome é alminha, designação popular, mas aceite pelos estudiosos. Podemos mesmo inferir que estas representações artísticas de carácter religioso são a expressão da devoção popular pelas almas do purgatório. A razão da sua origem é que é mais complicado discernir. Alguns historiadores apontam que é seguimento da tradição greco-romana da existência de deuses protetores dos caminheiros, principalmente as encruzilhadas dos caminhos que eram locais perigos de eleição. Nesse sentido, junto aos caminhos os gregos construíram pequenos monumentos em honra dos deuses protetores dos viajantes, como por exemplo Apolo e hermes. Os romanos também tinham esse hábito ao construírem pequenos altares nas encruzilhadas, e mais tarde junto aos caminhos.

Terá sido a origem? Poderá, mas passados séculos a sua fundamentação é outra. Numa sociedade onde a igreja tinha um papel fulcral, e dentro do espírito da Contra-Reforma, o concílio de Trento, no seguimento de outros concílios reforçou o dogma do purgatório e sobretudo na salvação das almas.
 
Conscientes desde sempre do fascínio causado pelas encruzilhadas dos caminhos, locais de “medos” e de “perigos”, por vezes marcados por infaustos acontecimentos, esses locais foram escolhidos para essas construções. No início eram pinturas, mais tarde, próximo de nós, as pinturas foram substituídas por azulejos com uma inscrição muito comum “A vós que ides passando, lembrai-vos de nós que imos penando”.

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