19 de junho de 2012

MONTE DO CALVÁRIO, o que se perdeu...


Monte do Calvário, visto do vale de Besteiros
Monte do Calvário, visto da Praça da República
Mais distante, mas também o nosso mundo, o Monte do Calvário, do qual olhar para Campo de Besteiros nos transportava para sensações únicas. Hoje, reconheço que a paisagem com que nos deparamos não é aquela que sempre nos encantou. Já não se vê a chaminé da fábrica, já não se vê as duas fábricas na sua azáfama diária, não se vê a Sagripel a laborar, não se vê o campo da Neuza. De quase tudo isto, restam memórias, restam histórias de vida de quem trabalhou, de quem jogou, de quem sonhou que estava a construir o seu futuro, de quem pensava que o amanhã não seria tão indiferente, tão impessoal. De certeza já não verá o espírito automobilístico proporcionado pelas provas de perícia. Talvez tenha subido no ar e se evaporou para outras alturas, para outros interesses.
Podemos apurar o ouvido, mas já não ouvimos a sirene da fábrica velha, ou da nova, já não ouvimos os trabalhadores a terminar o seu dia de trabalho. Mais tarde, a avenida Afonso Costa enchia-se de gente, de bicicletas, de motorizadas, ou mesmo a pé no regresso aos seus lares, no tempo de verão, mesmo à sua labuta com a terra para ainda retirar delas uns “mimos” para encher a mesa.
Ao olhar para este acontecimento, para este destino impressiona que o mesmo não tenha merecido atenção das entidades governantes, mesmo um plano de contingência, somente por respeito pela história, uma simples zona industrial. Impressiona tanta insensibilidade, tanta indiferença. Presumo até que o maior ruído veio da chaminé, quando a mesma foi derrubada, como algo desprezível sem valor histórico. Viajar pelo país, vejo tantas chaminés altaneiras, mesmo orgulhosas. Então pela Europa, muitos são o exemplo. Noutros locais recria-se o espírito, aqui não há espíritos, há sim indiferença, discriminação, mas verdade seja dita, que hoje ao contrário de ontem, não há revolta, não há paixão, não há o acreditar numa terra, e no seu sonho. Não queremos mais dos que os outros só queremos aquilo a que temos direito, mas não nos façam de lorpas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Mais um bom exemplo e uma prosa sublime, sobre um comentário deveras oportuno e que longe do torrão natal nos faz meditar e valorizar tudo que de bom perdemos, e verificar a inércia que se apoderou dos besteirenses e da falta de brio e de sensibilidade para o futuro de Campo de Besteiros.Oxalá os ventos mudem e apareça um lider forte que dê o impulso que ela merece e a relance definitivamente na senda do progresso e consequentemente do bem estar das suas gentes, na senda de que outros besteirenses fizeram nos anos de 60 e 70 do século passado e que já partiram, mas deixaram o seu legado e uma profunda saudade e reconhecimento de todos quantos tiveram o previlégio de os conhecer e com eles contactar. Campo de Besteiros tudo merece, haja boa vontade e espírito de iniciativa. O Congresso de Besteiros pode ser um bom arranque.

Anônimo disse...

Perderam-se muitas coisas, mas também se ganharam outras e onde estavam situadas as fábricas podem nascer novas urbanizações e novas valências para a vila. Temos que ter confiança, pois na vida tudo é temporal e Campo de Besteiros vai ser cada vez maior. Temos de ter confiança.

Joaquim Calheiros disse...

Podem nascer novas urbanizações que davam outro ar a Campo de Besteiros, mas as novas urbanizações pressupõe a vinda de mais pessoas. Mas perderam-se postos de trabalho,fecharam empresas e essa situação não mereceu um plano de contigência, nem respeitaram a terra que era o polo industrial do concelho.

-------------------------------Um baú de histórias e memórias--------------------------------