30 de julho de 2010

ESCRITOS DE BESTEIROS (ficção)


Santa Eulália de Besteiros, ano de 1372


Os dias corriam calmos, outras vezes mais agitados no senhorio de Besteiros. Vivia-se numa época de crise, onde os impostos solicitados pelo senhor cada vez eram maiores. Culpa não era nossa, mas pairavam sobre estas terras alguns agiotas que vivem do mal alheio e tudo querem ganhar sem nada produzir.
Mas o tempo passava e a confiança no senhor ia-se perdendo. O senhor de Besteiros já por uma vez, tinha faltado à promessa que fizera a todos que trabalhavam nas suas terras. No início do ano tinha mandado anunciar que quem tivesse um filho receberia duzentas moedas para dar ao seu rebento um futuro melhor. Claro que só podia receber essas duzentas moedas, quando a criança fosse maior, mesmo assim era uma boa ajuda. Agora, mandou dizer que não era bem assim, e este ano nem pensar em receber as tais duzentas moedas.
Outra coisa também não entendia, ele que labutava de sol a sol e só vinha para casa, quando o sino tocava as ave-marias.
Habituado estava ao pagamento dos impostos ao senhor de Besteiros, a aposentadoria, a carraria, as jeiras, a anúduva, a lutuosa, as portagens e peagens. Inúmeros impostos para quem não tinha nenhum benefícios nem direitos.
O primo do senhor de Besteiros, em vez de apresentar medidas para sair da crise e ajudar os responsáveis do senhorio a governar melhor, queria discutir a lei fundamental do Senhorio, colocando em causa direitos adquiridos e universais. Não percebia porquê a importância deste assunto, num momento destes. Talvez fosse para desviar atenção de outros assuntos.

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